Médicos de diferentes especialidades, como Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Cirurgia Geral, além de funcionários da Unimed Barra Mansa e estudantes de medicina participaram do encontro científico promovido pela Unimed Barra Mansa na manhã do dia 22 de outubro. O encontro aconteceu no auditório da Cooperativa e teve como objetivo propiciar a troca de experiência sobre o vírus HPV (Human Papillomavirus), que em português significa Papilomavírus Humano.
Com o tema HPV: Que Bicho é esse?, o mestre em Ginecologia e doutor em Microbiologia Médica pela Universidade Federal Fluminense, Mauro Romero Leal Passos, falou dos diferentes tipos de vírus e de recentes pesquisas sobre a doença.
- Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, dos quais cerca de 45 infectam a área ano-genital masculina e feminina. A infecção genital ou anal pelos HPV pode causar lesões benignas (condilomas acuminados ou verrugas genitais ou crista de galo) tanto em homens quanto em mulheres, e lesões pré-cancerosas e câncer propriamente dito, principalmente do colo uterino. Todavia, o HPV pode ser causador de câncer em outras áreas como, vulva, vagina, ânus, pênis e cânceres de cabeça e pescoço. O grupo de vírus que causa a lesão benigna é diferente do grupo que causa a doença maligna – comentou Dr. Romero.
Conforme o ginecologista, embora as informações sobre o vírus sejam amplamente discutidas, ele ainda exige muita atenção, pois tem grande incidência tanto na população feminina quanto na masculina, principalmente na faixa etária de 20 a 40 anos.
- Estudos epidemiológicos estimam que a infecção HPV venha atingir mais de 85% da população nos próximos 10 anos e, se nada for feito para modificar esta tendência, todas as pessoas poderão se infectar em alguma fase de suas vidas. Entretanto, a maioria das pessoas infectadas por HPV não vão apresentar doenças, pois o sistema imune das pessoas elimina o vírus completamente.
Mas a boa notícia é que já existe vacina contra o vírus e que, a partir de 2017, ela será estendida também ao público masculino.
- A vacina, que antes protegia somente as meninas, a partir do ano que vem será disponibilizada para meninos. É uma conquista muito grande, porque dessa forma a linha de proteção será maior. O homem também adoece e, na maioria das vezes, ele é o contaminador – disse Dr. Romero, destacando que não falta vacina no país, e sim mais engajamento da sociedade civil e até de muitos profissionais de saúde, para combater o problema.
Ao falar da importância da vacina, o médico ressaltou que as medidas preventivas se somam e precisam ser colocadas em prática juntas. Ele enfatizou o uso persistente de preservativo, masculino ou feminino.
- Para reduzirmos a incidência do vírus, é preciso que as pessoas tenham mais consciência. Atualmente quase não se ouve mais falar em sexo seguro. Homens e mulheres precisam usar camisinha. Além disso, o exame preventivo da mulher deve ser realizado regularmente e a vacinação chega como mais um fator de proteção para ambos os sexos - comentou.
Como chefe do Setor de DST da Universidade Federal Fluminense, Dr. Mauro Romero também aproveitou a oportunidade para falar da sífilis congênita, bactéria transmitida da mãe infectada para o filho. De acordo com o médico, em sete anos, a quantidade de casos notificados quase triplicou. Somente no Rio de Janeiro, em 2016, foram notificados 3 mil casos.
- A sífilis é causada por uma bactéria transmitida durante o ato sexual. É fácil de ser combatida quando descoberta a tempo, com exame e tratamento de baixo custo. Muitas mortes de crianças poderiam ser evitadas – disse Dr. Mauro Romero.
Assim como o HPV, a melhor maneira de evitar a sífilis é a informação correta e a prática do sexo seguro, pois a sua transmissão acontece por meio do ato sexual. E quando a bactéria infecta uma gestante, ela precisa de um acompanhamento ainda mais específico.
- A sífilis é uma doença sentinela. Quando existe uma gestante com a bactéria, ela deve receber um tratamento diferenciado, cercado de cuidados e registros. Até a 36ª semana de gestação, o problema deve estar resolvido. Somente agindo rápido e da maneira correta conseguiremos reduzir o índice da doença – afirmou Dr. Mauro Romero.
A ginecologista e obstetra, Drª Soraia Lopes Andrade, participou do encontro e aprovou a iniciativa da Unimed Barra Mansa.
- Eu já tinha assistido a uma palestra do Dr. Mauro Romero e fiz questão de prestigiá-lo. O encontro foi uma excelente oportunidade para trocarmos experiências sobre temas tão importantes – comentou a médica.
Além de chefe do Setor de DST da Universidade Federal Fluminense, Dr. Mauro Romero é presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ) e autor, com colaboração, de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no exterior. É editor chefe do Jornal Brasileiro de DST e presidente do STI & HIV World Congress, Rio 2017.