Notícia 13 de Agosto de 2019

Apendicite exige diagnóstico rápido

O apêndice é uma parte do seu corpo para o qual a ciência ainda não encontrou explicação para a sua existência e, segundo os médicos, ele está em vias de extinção. Apesar disso, quando esse órgão tem um problema, é imediatamente alçado ao topo da lista das cirurgias de emergência mais comuns no mundo inteiro.

A inflamação do apêndice, também conhecida como apendicite, só foi descrita na literatura médica de forma detalhada em 1886. De lá para cá, tem-se observado que a enfermidade pode afetar 1 em cada 500 pessoas a cada ano, especialmente os jovens. Entre as crianças, 4 em cada 1.000 têm o apêndice retirado antes dos 14 anos. Uma particularidade dessa inflamação é que seus sintomas são muito parecidos com os de outras doenças, o que pode confundir e até atrasar o diagnóstico. O problema é que ela pode evoluir rapidamente e, caso não seja tratada, trazer grande complicações e colocar em risco a sua vida.

O que causa apendicite?

Imagine o dedo de uma luva. O apêndice é mais ou menos assim: tem o formato de tubo e é definido como um órgão linfático (ele produz células de defesa na infância). Localizado entre a junção do intestino grosso com o delgado, é considerado um acessório do intestino que vai se atrofiando ao longo do desenvolvimento do corpo. Ao tornar-se mais estreito, ele pode ser obstruído por material fecal, como uma pedra de cocô endurecido (fecalito), alimentos não digeridos e corpos estranhos. É aí que ele inflama.

A obstrução também pode ocorrer por uma torção no órgão ou ainda por:

  • Bactérias do intestino;
  • Adenovírus (rubéola, sarampo, mononucleose);
  • Fungos e parasitas (Enterobius vermicularis e Ascaris lumbricoides);
  • Pólipos;
  • Cálculos biliares;
  • Semente (melancia, pipoca etc.)
  • Quem está mais suscetível?
  • A apendicite pode se manifestar em qualquer idade. Contudo, em quase 90% dos casos, os pacientes têm entre 10 e 30 anos.

Quais os sintomas da apendicite?

A dor aguda, isto é, aquela que aparece de repente, é o sinal mais comum da inflamação do apêndice, mas isso pode variar de pessoa a pessoa. Nos primeiros momentos da enfermidade, você poderá notar também os seguintes sintomas:

  • Dor em cólicas --geralmente mais localizada na boca do estômago (região epigástrica);
  • Dor difusa - acomete toda a região abdominal;
  • Enjoo;
  • Náuseas e vômitos;
  • Perda de apetite;
  • Febre (abaixo de 38 °C);
  • Prisão de ventre ou diarreia;
  • Barriga distendida.

A dor poderá se direcionar para o lado direito inferior da barriga, perto da região da virilha (inguinal). Mas não só. "Como o apêndice é um órgão móvel, ele pode se movimentar em direção à parede anterior do abdome, à parte posterior do rim, da pelve e até do fígado. Nesses casos, o incômodo é sentido nessas regiões. Por isso, no passado, dizia-se que a apendicite era a doença das mil faces", conta Carlos Walter Sobrado, professor de gastrocirurgia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e titular da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia).

Quando procurar ajuda?

Ao notar um mal-estar na região abdominal que não passa em poucas horas, procure um médico, especialmente se você for um adulto jovem. O risco de esperar muito tempo para buscar ajuda médica é que a doença pode avançar rapidamente e provocar a perfuração do órgão. Como ele tem comunicação direta com o intestino, há possibilidade de vazamento de fezes para dentro do abdome (peritonite), e ainda pode haver acúmulo de pus (abcesso); obstrução intestinal (aderência); fístula, sepse e até risco de morte.

Apendicite em crianças

Os pequenos não estão livres de ter essa enfermidade e, entre eles, ela é a causa mais comum de cirurgias indicadas na infância. Mais rara entre os recém-nascidos, quando a criança alcança os 5 anos de idade a chance de o problema aparecer aumenta.

O pico ocorrerá na adolescência, quando meninos e meninas serão acometidos igualmente. Entre os 15 e 25 anos, os jovens do sexo masculino são os mais afetados, igualando-se a incidência após esse período.

"O risco de complicações da doença é maior na criança do que no adulto, o que acontece porque ela parece avançar mais rapidamente nesse grupo, além do atraso no diagnóstico", fala Maraci Rodrigues, gastroenterologista pediátrica do Departamento de Gastroenterologia do HCFMUSP.

Ao perceber que seu filho se queixa de alguma dor aguda e persistente na região abdominal, acompanhada de falta de apetite e náuseas, vômito e febre, procure imediatamente o pronto-socorro.

Como saber se a criança está com apendicite?

Para saber diferenciar uma simples dor de estômago de uma dor abdominal aguda, esteja atento às seguintes características da apendicite: a dor se localiza na região da barriga (abdominal) e é aguda (aparece de repente), pode ser difusa, isto é, abrange toda a barriga (abdome) ou se manifesta na região do estômago. Além disso, entre os pequenos, a dor aparece junto aos seguintes sintomas:

  • Náuseas e vômitos;
  • A dor pode migrar para a parte inferior direita da barriga, especialmente após seis a 12 horas do seu início;
  • Febre de, no máximo, 38 °C;

A dor é contínua, de baixa intensidade e piora com o movimento. A criança passa a se mover lentamente.

Como é feito o diagnóstico?

Na maioria dos casos --7 em cada 10 deles, basta que o médico ouça a história do paciente para conhecer seu estado de saúde e faça o exame físico para descobrir que se trata de apendicite. Uma particularidade do exame físico é a palpação do abdome para identificar o chamado sinal de Blumberg. Trata-se de um sinal médico caracterizado por dor ou piora dela após a compressão da barriga na parte lateral direita inferior.

Nos casos em que sejam necessários exames complementares, hemograma completo e ultrassom, por serem mais acessíveis e mais rápidos, podem ser solicitados. Como a dor abdominal pode ter outras causas, o melhor exame para confirmar o diagnóstico é a tomografia abdominal. Entre as mulheres, por exemplo, a dor pode se relacionar a algum cisto de ovário ou infecção de trompas, e a tomografia permite eliminar essa hipótese, entre outras.

Como é o tratamento da apendicite?

A solução é sempre a retirada do apêndice, o que se faz por meio cirúrgico. As técnicas disponíveis são a laparotomia (corte) e videolaparoscopia, menos invasiva. Neste último caso, a internação é de 24 horas e o retorno às atividades acontece após três ou quatro dias, com liberação para exercícios físicos mais intensos depois de 15 dias. Na hipótese da apendicite ser mais avançada, quatro a dez dias é o tempo esperado para estada no hospital, isso em razão da terapia com antibióticos.

O problema pode ser tratado sem cirurgia?

Sim. O tratamento pode ser clínico, ou seja, medicamentoso, ocasião em que se fará uso de antibióticos. "A alternativa, porém, é considerada exceção, dadas as altas taxas de falha (três em cada dez pacientes). Nos casos de sucesso, no prazo de um a três anos a pessoa tende a ter outra crise", afirma Adonis Nasr, professor de cirurgia gastrointestinal da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Má alimentação causa apendicite?

Até o momento os cientistas não conseguiram provar que a apendicite tenha relação com a dieta. Mas há ainda uma dúvida entre os médicos sobre o consumo de sementes como as de uva, cuja ingestão aumenta, especialmente nos meses mais quentes, quando também ocorrem mais casos de apendicite.

É possível prevenir a apendicite?

Não existem recomendações que sejam capazes de prevenir a manifestação da apendicite aguda. Contudo, na prática do dia a dia, o que os médicos observam é que pessoas que têm hábitos de vida saudáveis, isso é, adotam dieta equilibrada e rica em fibras (frutas e verduras), praticam exercícios, controlam o peso e ainda estão de olho nas práticas de higiene alimentar e corporal possuem menor risco de ter doenças gastrointestinais e, portanto, são menos afetadas pelo problema.

Como muitas pessoas, por necessidade ou hábito, fazem suas refeições fora de casa e ainda há falhas no saneamento básico em várias regiões do Brasil, o risco do consumo de alimentos e bebidas contaminados é alto. Converse com seu médico sobre a possibilidade/necessidade de tomar medicamentos contra vermes e parasitas, ao menos uma vez a cada ano.

 

Fonte: Uol | Viva Bem

 

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