Dicas de Saúde 14 de Outubro de 2019

Obesidade: oito dicas para a criança comer melhor

A obesidade nos Estados Unidos, considerada uma epidemia, pode ser consequência do descuido com a alimentação infantil anos atrás. É o que diz um estudo recente publicado por pesquisadores da Universidade do Tennessee no periódico científico Economics and Human Biology. De acordo com a pesquisa, o consumo excessivo de açúcar por crianças entre 1970 e 1980, especialmente em refrigerantes, contribuiu para o aumento de americanos obesos a partir a década de 1990. Um problema que atinge também o Brasil, já que 55,7% dos brasileiros acima de 18 anos estão com sobrepeso, sendo que 19,8% estão obesos, o que é agravante para desenvolvimento de hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.

Na última sexta (11/10), celebrou-se o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, com o objetivo de promover o debate sobre aquele que é, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos principais problemas de saúde do mundo. A campanha acontece na véspera do Dia das Crianças, comemorado no dia 12 do mesmo mês. Embora muitas pessoas associem o tema com adultos, em grande parte das vezes, é na infância que essa condição começa a ser desenvolvida.

Mesmo crianças não obesas, mas que se alimentam mal, têm tendência maior a desenvolver a doença na fase adulta. Mas a obesidade infantil também é um problema de saúde pública, que se reflete no desenvolvimento precoce de doenças como a diabetes tipo 2. Além de bebidas açucaradas, produtos ultraprocessados têm importante papel no problema da obesidade infantil e das condições, criadas desde a infância, para a obesidade na vida adulta. Conforme levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 24% das crianças com excesso de peso mostram dependência de alimentos como biscoitos, embutidos e refrigerantes.

– Estudos sugerem que bebidas adoçadas (refrigerantes e sucos de frutas) podem contribuir para o desenvolvimento da obesidade. Alimentos ultraprocessados (salgadinhos e bolachas) também representam um risco, pois são ricos em açúcar e gordura, com alta densidade calórica, além de serem pobres em fibras, com baixo poder de saciedade, altamente palatáveis, pobres nutricionalmente e cheios de aditivos químicos. É mais fácil uma criança consumir mais calorias do que necessita se estiver frequentemente exposta a esses alimentos – explica a endocrinologista Luciana Sampaio Peres.

Segundo Peres, o ideal é que esses alimentos não sejam consumidos antes dos dois anos de idade e, após essa fase, a regra é manter a alimentação saudável e equilibrada. Apesar disso, a endocrinologista afirma que, em um contexto social e ocasional, não é necessário proibir as crianças de ingerirem comidas desses grupos.

– Nenhum alimento deve ser proibido, e sim evitado. Mas existem dois contextos. O primeiro seria fornecer esses alimentos no ambiente doméstico, no cotidiano da criança, no lugar de alimentos saudáveis e nutritivos. Por que faríamos isso se a prioridade é nutrir as crianças? Em um segundo contexto, existe uma criança com vida social, que vai ocasionalmente a festinhas e aniversários e que vai consumir, junto com as outras, alimentos desses grupos – diferencia, mostrando que, no dia a dia, o acesso a esse tipo de alimento deve ser limitado, deixando-o mais livre em ocasiões sociais.

Alimentação dos pais e colegas pode influenciar as crianças


De acordo com estudo da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, a alimentação dos pais costuma influenciar os filhos, o que pode estar associado à obesidade na infância. A pesquisa concluiu que, quando o peso da mãe aumenta, o da criança sofre a mesma alteração.

– Embora a alimentação dos colegas possa ser um influenciador, a dos pais no ambiente familiar costuma ser decisiva, afetando ainda mais a preferência alimentar da criança e a regulação da ingestão energética – afirma.

Diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares
Uma pesquisa realizada pela Canadian Cardiovascular Society mostrou que adultos que foram crianças obesas têm mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares, que tendem a ser causadas por enfermidades como diabetes e hipertensão.

– Os fatores de risco surgem na infância e estão diretamente relacionados com o excesso de peso e com a distribuição de gordura corporal. A gordura localizada prioritariamente na região abdominal (distribuição central de gordura) aumenta o risco metabólico, associado ao aparecimento de dislipidemias, diabetes e hipertensão – diz Luciana Peres. – É necessário reduzir a crença de que a obesidade será resolvida quando a criança crescer e de que não é uma doença. A probabilidade de uma criança obesa permanecer obesa na idade adulta varia de 20% a 50% antes da puberdade, e de 50% a 70% após a puberdade.

Dicas para a criança comer melhor


Com base em orientações da endocrinologista Luciana Sampaio Peres, o EU Atleta preparou dicas para os pais de como ajudar as crianças a comerem melhor, a fim de prevenir a obesidade. Veja abaixo!

- Insista em ofertar e expor a criança a alimentos saudáveis. Quanto mais precoce o contato, mais fácil a criança acostumar o paladar;
- Dê o exemplo. Os pais são, afinal, o primeiro modelo de comportamento dos filhos. É muito importante que comam aquilo que estão oferecendo.
- Variar as formas de apresentação da comida faz toda a diferença. Capriche na montagem do prato, pois nós também "comemos com os olhos".
- Explique para as crianças que, para gostar de um alimento, muitas vezes é necessário treinar o paladar, ou seja, provar várias vezes;
- Tente a introdução de pelo menos um alimento diferente do habitual a cada semana. Esse alimento diferente pode ser misturado com algum que a criança já esteja habituada. Por exemplo, ao introduzir o brócolis, misture com arroz;
- No dia a dia, evite o açúcar. Aposte em bebidas não açucaradas e, para a sobremesa ou o lanche, em frutas. Deixe aquele docinho para o fim de semana ou um momento especial, como uma festa;
- Evite os alimentos ultraprocessados. Nada melhor do que comida caseira, feita com ingredientes naturais, sem aditivos desnecessários. Os ultraprocessados também podem ficar restritos a festinhas de aniversário e outras situações sociais;
- Na hora da refeição, todos os integrantes da família devem estar sentados à mesa, com os aparelhos eletrônicos desligados, para que a refeição seja feita com atenção e calma, a fim de perceber os sinais de saciedade.

Além das recomendações nutricionais, é importante:

- Estimular a prática de atividade física;
- Reduzir o tempo de exposição às telas, principalmente na parte da noite;
- Adequar o sono. Dormir mal e pouco engorda. 

Fonte: Eu Atleta
Foto: iStock

 

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